História do Município

Em meados do século XIX, exércitos de bugreiros ligados a povoadores mineiros e latifundiários desbravaram e ergueram sentinelas e habitações na região onde hoje se encontra Lençóis Paulista. Em busca de terras e com a esperança de descobrir ouro, eles formaram os primeiros povoamentos que logo se tornaram o Bairro dos Lençóes.

“Lençóes” é a grafia utilizada na época para se referir ao afluente do Rio Tietê que hoje chamamos de “Rio Lençóis”. No período de expansão do interior, o rio se mostrou muito importante para as navegações, e uma das lendas mais populares sobre a origem do nome da cidade conta que os primeiros excursionistas, ao passarem pelo desemboque, nele enxergavam espumas que pareciam lençóis postos sobre a água.
 
A caça ao índio para a conquista de terras era um dos principais objetivos dos exércitos de exploradores paulistas, e muitos conflitos entre os bugreiros e os nativos marcaram este início de história. Os povos indígenas que habitavam na região não abriram mão de suas florestas, e acabaram pagando um preço alto pelas terras. Relatos dão conta da presença de índios guaranis, oti-xavantes e kaingang (coroados) nesta região entre os rios Tietê e Paranapanema.
  
A região do “Bairro dos Lençóes”, com moradores esparsos em inúmeros agrupamentos rurais, foi elevada à condição de “Freguesia”* subordinada à Vila de Botucatu em 28 de abril de 1858, data que marca o “nascimento” de Lençóis Paulista. A vida na época era solitária e cheia de percalços. As notícias da capital demoravam a chegar, e a resistência dos índios se mostrava violenta.
 
O desmembramento definitivo de Botucatu viria apenas sete anos depois da elevação a Freguesia, em 25 de abril de 1865. Com a Lei Provincial nº 90, a Freguesia foi elevada a “Villa de Lençóes” e pôde, um ano depois, em 12 de julho de 1866, dar início às atividades de sua Câmara. A essa altura, Lençóis já contava com quase 6000 habitantes, e começava a crescer economicamente. Os conflitos com os nativos diminuíam cada vez mais, à medida que os povos eram exterminados ou assimilados à cultura hegemonicamente católica.
 
Apesar de politicamente desmembrada de Botucatu, Lençóis ainda era vinculada à sua comarca. As comarcas administravam a Justiça local, e no caso de Botucatu, sua jurisprudência abrangia várias freguesias e vilas da região, fato que levou a Câmara Municipal a pleitear a instalação de uma comarca em Lençóis. O pedido foi aceito em 23 de outubro de 1877, data em que também foi nomeado seu primeiro juiz.
 
Em 1887, a Câmara Municipal, informando sobre a superfície urbana e o número de imóveis da vila ao governo provincial, indicou que Lençóes tinha 447 metros em quadra, 106 casas e quatro edifícios públicos: igreja, cadeia, Câmara e loja de maçonaria. Era o começo do que hoje é o centro da cidade.
 
Em 22 de julho de 1899, a cidade perdeu sua comarca, que foi transferida para a Vila de São Paulo dos Agudos. Em 15 de julho de 1901, a comarca de Lençóis passou a denominar-se comarca dos Agudos, pela Lei nº 785. A recuperação da comarca só viria na década de 1950, após um longo movimento das forças econômicas e políticas lençoenses.
 
Antes disso, porém, Lençóis teve incorporada à vila o distrito de Borebi, em 22 de dezembro de 1922, e o distrito de Alfredo Guedes, em 06 de outubro de 1934. A primeira se desmembrou e se tornou a cidade de Borebi pela Lei Estadual nº 6.645, de 9 de janeiro de 1990. Alfredo Guedes, ao contrário, continua sendo um distrito de Lençóis.
 
De 1945 a 1948, Lençóis teve seu nome alterado para “Ubirama”, pois uma reorganização territorial do governo federal exigiu que não houvesse mais de uma localidade com o mesmo nome na União, e, na Bahia, já havia uma “Lençóis” mais antiga. O significado da palavra “ubirama” é motivo de especulação, mas acreditava-se à época significar “Terra da Cana” (de “uba”, que significa “cana” e “rama”, que significa “terra”.) Posteriormente, o nome primitivo retornou à cidade, acrescido do adjetivo “paulista”.
 
Com o passar dos anos, Lençóis Paulista se industrializou e se desenvolveu. As plantações de cana-de-açúcar e café ganharam a companhia dos eucalíptos, e o perímetro urbano, com novos bairros preenchendo cada vez mais o horizonte da antiga boca do sertão, cresce exponencialmente.
 
 
NOTAS
 
* “Freguesia” era uma categoria de povoação utilizada no Brasil colonial. As organizações administrativas seguiam a seguinte ordem: Bairro > Freguesia > Vila > Comarca. Os Bairros e Freguesias eram subordinados a outra Vila, sendo as Freguesias possuidoras de uma igreja. As Vilas tinham independência política e podiam ter suas Câmaras Municipais e Paróquias. As Comarcas, por fim, ganhavam uma unidade de Justiça.
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
CHITTO, Alexandre, História de Nossa Gente: Lençóis Paulista, 150 anos, 2008;
GUIRADO, Cristiano e FERNANDES, Edson, Lençóis Paulista conta sua história, 2008;
FERNANDES, Edson, Uma vila no sertão: Lençóes Século XIX, 2011;
 

Formação administrativa

 

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